sábado, 9 de abril de 2011

Desejo a Você...

Amados Leitores, cobertos de baunilha e calda de caramelo, da Voz!

Creio que agora sim consiga administrar e retomar o nosso blog, que teve quase que uns meses sabáticos...hehe....mea culpa claro.

De qualquer forma, creio que todos vocês são sabedores do ocorrido no Rio de Janeiro nessa semana.

Foto do local do meu Casamento (Espaço Galiileu)
tirada pela fotógrafa Juliana Mozart


Um rapaz de 24 anos entrou em uma escola no Realengo e atirou contra crianças entre 12 e 14 anos. Contando com o artirador, foram 11 mortes.


Sei que isso parece não ter nada a relacionar com um Casamento, mas preciso falar sobre isso.

Eu pensei nessas famílias.

Pensei em um pai e uma mãe dando um beijo de tchau em seu filho, pode ter sido algo carinhoso, ou pode ter sido aquele tchau mecânico, que nos acostumamos a dar na rotina.

Pensei, ainda, nas salas de aula, nas conversas paralelas poucos segundos antes do tiro, naquele aluno morrendo de sono, dormindo no canto da parede, no aluno estudioso, sentado na primeira carteira, atento...

Até nos professores eu pensei. No seu esforço em tentar ensinar com lousa e giz uma geração de computadores, internet, celulares...

Por fim, pensei no atirador.

Na sua solidão profunda, sua visão de mundo, seu entendimento de chamar a atenção a qualquer custo, optando por atirar contra crianças (e aqui me perdoem aqueles que tentam tornar seus filhos em mini-adultos, mas para mim, 12 a 14 anos, são sim, crianças ), e, ao fim, atira contra sua própria vida.

Toda essa atenção. Teria sido de grande ajuda a esse rapaz, antes dos tiros.

Pensei muito nessa semana. Queria trazer um post sobre Casamento. Com as fotos que tanto prometi. Não consegui. Fui atingida em cheio. Não perdi ninguém conhecido. Não sou carioca. Sou humana.

Sou uma pessoa como essas crianças, famílias, professores, atirador.

Pensei em todos os que amo. Pensei nas crianças que conheço. Pensei nos solitários que eu conheço.

Então, sem que isso cause qualquer impacto no que convém chamar de blogosfera, sem que qualquer família envolvida saiba, faço, apenas, desse post, uma oração, uma resposta a um pedido de ajuda que creio que a humanidade grita de forma silenciosa através de casos como esse e tantos outros parecidos.

Fica aqui meu carinho, minha lembrança, meu desejo de todas as coisas boas desse mundo, de tudo o que envolve Cristo.

Na falta de palavras, copio abaixo um poema escrito em clima de amizade e descontração, mas que creio que se encaixa nesse momento.

Que possamos lembrar daqueles que amamos. Que possamos amar de verdade, que voltemos a sermos humanos e não máquinas, seres quentes e não frios, seres que pulsam e se preocupam, que ouvem gritos de socorro, ainda que silenciosos, como o desse rapaz de 24 anos.


Não defendo ninguém e nem acuso ninguém. Quero, tão-somente, apontar uma ferida e propor um curativo.


Desejo a você...

(Carlos Drummond de Andrade) 
Fruto do mato, cheiro de jardim, namoro no portão, domingo sem chuva, segunda sem mau humor, sábado com seu amor, filme do Carlitos, chope com amigos, crônica de Rubem Braga, viver sem inimigos, filme antigo na TV, ter uma pessoa especial e que ela goste de você.

Música de Tom com letra de Chico, frango caipira em pensão do interior, ouvir uma palavra amável, ter uma surpresa agradável, ver a banda passar.

Noite de lua cheia, rever uma velha amizade, ter fé em Deus... Não ter que ouvir a palavra não nem nunca, nem jamais e adeus.

Rir como criança, ouvir canto de passarinho, sarar de resfriado, escrever um poema de amor, que nunca será rasgado.

Formar um par ideal, tomar banho de cachoeira, pegar um bronzeado legal, aprender uma nova canção... Esperar alguém na estação.

Queijo com goiabada, pôr-do-sol na roça... Uma festa, um violão, uma seresta. Recordar um amor antigo, ter um ombro sempre amigo, bater palmas de alegria.

Uma tarde amena, calçar um velho chinelo, sentar numa velha poltrona, tocar violão para alguém, ouvir a chuva no telhado, vinho branco, Bolero de Ravel e ...

...muito carinho meu. 

Beijos

Anza

2 comentários:

  1. Ah, eu não dou tchau automático, mas recebo tantos... SEMPRE, TODAS AS VEZES, penso que pode ser o último que dou ou o último que recebo daquela pessoa... Aliás, por que as pessoas não valorizam as despedidas?

    Amei esse texto. Muito lindo mesmo. Viu o que a Kelly escreveu lá no Limo Bag? Choreeeeei.

    Beijo

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  2. Concordo com você. Na dúvida, é a última vez...

    Obrigada pelo carinho Lu...O texto da Kelly foi lindo, foi uma das inspirações desse texto...

    Beijos

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